24 de fev. de 2014

1Q84 (livro 1)



Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços... 




Sem querer me indicaram esse livro, e posso dizer que foi um dos melhores que já li. 1Q84 trata-se de uma trilogia, no qual se narra histórias que ao longo do tempo irão se cruzando. Aomame, uma mulher que esconde a profissão misteriosa, em uma tarde no início de abril, está parada em um táxi, em meio ao trânsito de uma via expressa de Tóquio e logo no primeiro capítulo há uma menção a Janáček. Temendo não chegar a tempo para que possa resolver algo relacionado a seu trabalho, Aomame se ver diante da seguinte opção: descer do veículo e seguir por uma escada de emergência em plena avenida. A música provocava em Aomame um estranha sensação, como se seu corpo estivesse sendo espremido de maneira lenta e firme, e logo após descer a escada e seguir seu caminho, ela observa aos poucos que certos aspectos da realidade se tornaram diferentes. Murakami narra sua obra de maneira técnica, deliciosa, clara e simples, mas não de um modo depreciativo. É apenas uma atitude evidente de quem sabe o que quer dizer e como dizer sem perder seu caráter lírico. A explosão de emoções é encontrada em cada parágrafo, às vezes explícito, mas, em sua maioria, nas entrelinhas. É como se ele deixasse aberto ao leitor a opção de escolher entre ler a história ou vivenciá-la ao máximo.


Quando se faz algo incomum, as cenas cotidianas se tornam... digamos que se tornam ligeiramente diferentes do normal. Isso já aconteceu comigo. Mas não se deixe enganar pelas aparências. A realidade é sempre única. 

Nem sempre o que chama a atenção e atraia as pessoas é o fato de a fisionomia ser bela ou feia, mas a naturalidade e o refinamento com que a pessoa sabe se expressar.


Em paralelo, o professor de matemática e escritor Tengo, juntamente com Komatsu, se envolve em um projeto de refazer um romance escrito por uma jovem de 17 anos chamada Fukaeri, onde o enredo em si é fantasioso, mas os detalhes são descritos de maneira extremamente objetiva e enigmática. Sendo assim, eles tinham um lema em mente: bem ou mal, existem coisas que acontecem por motivações que vão além daquelas que o dinheiro traz. As duas histórias se alternam, e a medida que isso vai acontecendo, Aomame percebe que a realidade está diferente. Ela se dá conta que, ao descer da escada de emergência da via expressa, agora habita um  mundo distinto e que ela o batiza de 1Q84. Enquanto isso, Tengo, ao refazer o enigmático romance de Fukaeri, nota estranhas semelhanças entre essa ficção fantasiosa e a realidade, além de perceber que parece correr algum tipo de perigo quando se vê envolvido com uma misteriosa seita.

No passado, a feitiçaria tinha uma finalidade muito importante na comunicação. Sua função era a de encobrir e ocultar as falhas e as contradições existentes no sistema social. Devia ser uma época muito divertida. 

Primeiramente, é difícil identificar a relação entre as histórias deles, mas, aos poucos, bem sutilmente, Murakami vai nos mostrando; expandindo a história, à medida em que vamos conhecendo Tengo e Aomane. As semelhanças deixam de ser meras coincidências. 

Apesar de sua consciência, aqui e agora, estar conectada ao mundo anterior, as mudanças dos eventos ainda eram bem restritas. Grande parte dos acontecimentos deste novo mundo ainda não havia migrado para o mundo que ela até então conhecia. 

1Q84 é um livro interessantíssimo e o leitor tem que prestar atenção aos detalhes. Não há informação desnecessária no livro. De alguma forma, tudo acaba se interligando: pessoas, lugares, fatos, ideologias. É interessante ver como o autor aborda esse último item. Sensatamente, ele expõe opiniões diversas (algumas tabus em nossa sociedade) sem rodeios – um convite a pensarmos sobre certas questões.

O futuro algum dia se torna presente, e o presente rapidamente se torna passado. No romance, Orwell descreve queno futuro a sociedade será sombria, dominada pelo totalitarismo.



Ps.: Estou lendo o livro 2, e cada dia mais presa a história. 


18 de fev. de 2014

Agora pare!



Vivemos em uma sociedade rápida, urgente e ansiosa. As pessoas raramente contemplam as flores nas praças ou se sentam para dialogar sobre seu dia, ou seus anseios. O mal do século não é a depressão. O mal do século é o fato de estarmos sempre pensando, pensando, pensando aceleradamente. Não estou dizendo que pensar é ruim. Pensar é bom, pensar com lucidez é ótimo, porém o problema está em pensar demais. Pensar demais é uma bomba contra o prazer de viver e a criatividade. É preciso desacelerar. Sim, de-sa-ce-le-rar. Se não foi assim, todos nós vamos adoecer coletivamente. 
Muitas pessoas que se dizem "estritamente profissional" ou eficientes e responsáveis, são irresponsáveis perante sua saúde emocional. Nunca desligam! Não se deleitam com seu exito. ou seja, quanto maior for seu retorno financeiro, mais elas querem trabalhar. Acontece que quando alcançam o pódio, sua alegria dura pouco, mergulhando em outra jornada e sentindo tédio se a colocarmos numa varanda para contemplar algo por algumas horas. Não conseguem desacelerar. 
Pessoas assim não sabem o real significado da palavra "férias". Férias pra valer, significa limpar a mente, tranquilizar a emoção, ter doses elevadas de prazer, sono, reposição de energia e descanso. O dinheiro compra bajuladores, mas não amigos; compra a cama, mas não o sono; compra pacotes turísticos, mas não a alegria; compra qualquer tipo de produto, mas não uma mente livre; compra seguros, mas não o seguro emocional. 
Eu mesma já viajei pra outros países, e me sentia extremamente triste devido coisas que me aconteceram. Foi como se eu não tivesse viajado àquele lugar, e lembrar disso me deixa com uma raiva imensurável. Imaginar o quanto eu podia ter aproveitado, e ao invés disso ter ficado dormindo ou choramingando no hotel. Portanto, independente de qualquer coisa, tire ''férias''. É essencial. 
Penso que quanto mais difícil o dever a ser cumprido ou maior o objetivo a ser almejado, mais gloriosa será a recompensa. O prazer é algo que, quando se é jovem, deve se ter, e muito. Até a mais completa satisfação, pois quando estiver velho(a) e não puder mais senti-lo, serão essas lembranças que aquecerão seu corpo. Me pergunto o que significa conquistar a liberdade, e se isso não seria o mesmo que escapar habilmente de uma jaula para cair numa outra ainda maior. 
Freud discorreu sobre o princípio do prazer como mola mestra da movimentação do psiquismo. Dos bebês aos idosos, todos são famintos de prazer, mas a maior fonte de prazer é ou deveria ser o fenômeno do autofluxo. Quando essa fonte falha, as consequências são sérias, e um estado de infelicidade inexplicável surge no cenário psicológico. Várias pessoas vivem prometendo para si e para todos que vão mudar, que serão mais pacientes, seguras, proativas, generosas, afetivas e autocontroladas. Algumas choram e entram em desespero, mas continuam as mesmas. Essas pessoas precisam apenas entender que a maturidade não exige que sejamos heróis, mas seres humanos com uma humildade inteligente, capazes de reconhecer nossa pequenez e imaturidade. 
Para amenizar o ''mal'' que há em cada um de nós, é preciso velejar para dentro de nós mesmos, reconhecer nossas fragilidades, admitir nossas loucuras, corrigir rotas e nos educar para sermos autores da nossa própria história. E infelizmente ninguém pode fazer isso por mim ou por você, só você mesmo. E não traia o que você tem de melhor!



"Uma vez, há muito tempo, nos pés de uma grande montanha, havia uma cidade onde o povo feliz morava. Sua própria existência era um mistério para o resto da Humanidade. Obscurecidos por enormes nuvens eles levavam suas vidas pacíficas inocentes dos barulhos, excessos e da violência que estava crescendo mundo a fora. Viver em harmonia com o espírito da montanha era suficiente. Então um dia o povo estranho chegou á cidade. Eles vieram camuflados, escondidos atrás de óculos escuros. Mas ninguém os percebeu: eles viam apenas sombras. Você vê, sem a verdade dos olhos. O povo feliz era cego. Com o tempo, povo estranho encontrou seu caminho nas mais longes dependências da montanha, e foi aí que encontraram as cavernas de inimaginável sinceridade e beleza. Por sorte, eles tropeçaram no lugar onde todas as boas almas vão descansar. Os estranhos, guardaram suas jóias nessas cavernas acima de todas as coisas, e depois eles começaram a garimpar na montanha. Foi a riqueza que estimulou o caos do seu próprio mundo. Entretanto, abaixo na cidade, os felizes dormiam. Inquietamente seus sonhos foram invadidos por figuras sombrias fora de suas almas. A cada dia, pessoas acordariam e subiriam a montanha. Por que isso estava trazendo as trevas na vida deles? E a cada vez que os estranhos garimpavam mais e mais fundo na Montanha, buracos começaram a aparecer, trazendo com eles um frio e amargo vento que congelou as suas almas. Pela primeira vez, os felizes sentiram temor por eles saberem que mais tarde o macaco logo acordaria de seu sono fundo. E então veio um som. Distante primeiramente, isso cresceu uma catástrofe tão imensa que podia ser ouvida distante no espaço. Não haviam mais gritos. Não havia mais tempo. A montanha tinha acordado. Havia apenas fogo. E depois, nada."

7 de fev. de 2014

Quem sabe?

Primeiro procuro escrever, pra que posteriormente possa pensar no titulo de alguma coisa. É difícil, ao menos pra mim, manter ou até mesmo não fugir um pouco que seja da ''linha'' do meu título. Na verdade, estou voltando a escrever, encorajada por muitos, por mim, e por um até então dom ou talento que tenho desde as competições de redação da minha escola. 
Acho que pra gostar de escrever, você não precisa necessariamente gostar de ler; e pra gostar de ler, você não precisa ser amante da escrita. Sou amante das duas coisas, e desde minha ultima postagem, o que não significa dizer que abandonei meu blog, andei lendo, escrevendo, e crescendo em diversos aspectos e sobre diversos aspectos da minha vida. 
Chegar a um ponto onde você deseja compartilhar com o publico suas experiências, seus fracassos, seus sucessos, seus namorados, enfim, sua vida, é conseguir até mesmo um amadurecimento ou uma forma de se libertar de alguns medos e aflições que você não escolhe tê-los. Ou seja, que a vida simplesmente te coloca de frente pra eles. 
Eu ainda hoje, não sei se alguém ler, ou se até mesmo meu blog é acessado diariamente, ou se alguém realmente se interessa no que tenho pra compartilhar, apesar de ter uma ferramenta pra isso. Minhas vivências podem até ser a mesma de alguém, mas ao mesmo tempo se tornam únicas, e incomum. 
Muita coisa, mas muita coisa aconteceu desde 2010 até hoje, e espero que ainda aconteça. Eu me formei, me especializei, morei em São Paulo, me decepcionei, trabalhei muito, fui aprovada em mestrado fora do país, perdi pessoas queridas, me apaixonei sem querer, pessoas entraram na minha vida, fiz planos que não deram certo. Mas tudo isso, todo esse ciclo está e foi o suficiente pra me fazer voltar a escrever, pra me encorajar, e amadurecer mais ainda a vontade que tenho de um dia escrever um livro, porém, não sobre minha vida. 
Chegando aos 26 anos: as coisas não são o que aparentam ser. As cenas cotidianas estão diferentes, e a realidade, única. No som: Mutantes-Desanuviar. Voltando a escrever ou quem sabe, parando definitivamente.