18 de fev. de 2014

Agora pare!



Vivemos em uma sociedade rápida, urgente e ansiosa. As pessoas raramente contemplam as flores nas praças ou se sentam para dialogar sobre seu dia, ou seus anseios. O mal do século não é a depressão. O mal do século é o fato de estarmos sempre pensando, pensando, pensando aceleradamente. Não estou dizendo que pensar é ruim. Pensar é bom, pensar com lucidez é ótimo, porém o problema está em pensar demais. Pensar demais é uma bomba contra o prazer de viver e a criatividade. É preciso desacelerar. Sim, de-sa-ce-le-rar. Se não foi assim, todos nós vamos adoecer coletivamente. 
Muitas pessoas que se dizem "estritamente profissional" ou eficientes e responsáveis, são irresponsáveis perante sua saúde emocional. Nunca desligam! Não se deleitam com seu exito. ou seja, quanto maior for seu retorno financeiro, mais elas querem trabalhar. Acontece que quando alcançam o pódio, sua alegria dura pouco, mergulhando em outra jornada e sentindo tédio se a colocarmos numa varanda para contemplar algo por algumas horas. Não conseguem desacelerar. 
Pessoas assim não sabem o real significado da palavra "férias". Férias pra valer, significa limpar a mente, tranquilizar a emoção, ter doses elevadas de prazer, sono, reposição de energia e descanso. O dinheiro compra bajuladores, mas não amigos; compra a cama, mas não o sono; compra pacotes turísticos, mas não a alegria; compra qualquer tipo de produto, mas não uma mente livre; compra seguros, mas não o seguro emocional. 
Eu mesma já viajei pra outros países, e me sentia extremamente triste devido coisas que me aconteceram. Foi como se eu não tivesse viajado àquele lugar, e lembrar disso me deixa com uma raiva imensurável. Imaginar o quanto eu podia ter aproveitado, e ao invés disso ter ficado dormindo ou choramingando no hotel. Portanto, independente de qualquer coisa, tire ''férias''. É essencial. 
Penso que quanto mais difícil o dever a ser cumprido ou maior o objetivo a ser almejado, mais gloriosa será a recompensa. O prazer é algo que, quando se é jovem, deve se ter, e muito. Até a mais completa satisfação, pois quando estiver velho(a) e não puder mais senti-lo, serão essas lembranças que aquecerão seu corpo. Me pergunto o que significa conquistar a liberdade, e se isso não seria o mesmo que escapar habilmente de uma jaula para cair numa outra ainda maior. 
Freud discorreu sobre o princípio do prazer como mola mestra da movimentação do psiquismo. Dos bebês aos idosos, todos são famintos de prazer, mas a maior fonte de prazer é ou deveria ser o fenômeno do autofluxo. Quando essa fonte falha, as consequências são sérias, e um estado de infelicidade inexplicável surge no cenário psicológico. Várias pessoas vivem prometendo para si e para todos que vão mudar, que serão mais pacientes, seguras, proativas, generosas, afetivas e autocontroladas. Algumas choram e entram em desespero, mas continuam as mesmas. Essas pessoas precisam apenas entender que a maturidade não exige que sejamos heróis, mas seres humanos com uma humildade inteligente, capazes de reconhecer nossa pequenez e imaturidade. 
Para amenizar o ''mal'' que há em cada um de nós, é preciso velejar para dentro de nós mesmos, reconhecer nossas fragilidades, admitir nossas loucuras, corrigir rotas e nos educar para sermos autores da nossa própria história. E infelizmente ninguém pode fazer isso por mim ou por você, só você mesmo. E não traia o que você tem de melhor!



"Uma vez, há muito tempo, nos pés de uma grande montanha, havia uma cidade onde o povo feliz morava. Sua própria existência era um mistério para o resto da Humanidade. Obscurecidos por enormes nuvens eles levavam suas vidas pacíficas inocentes dos barulhos, excessos e da violência que estava crescendo mundo a fora. Viver em harmonia com o espírito da montanha era suficiente. Então um dia o povo estranho chegou á cidade. Eles vieram camuflados, escondidos atrás de óculos escuros. Mas ninguém os percebeu: eles viam apenas sombras. Você vê, sem a verdade dos olhos. O povo feliz era cego. Com o tempo, povo estranho encontrou seu caminho nas mais longes dependências da montanha, e foi aí que encontraram as cavernas de inimaginável sinceridade e beleza. Por sorte, eles tropeçaram no lugar onde todas as boas almas vão descansar. Os estranhos, guardaram suas jóias nessas cavernas acima de todas as coisas, e depois eles começaram a garimpar na montanha. Foi a riqueza que estimulou o caos do seu próprio mundo. Entretanto, abaixo na cidade, os felizes dormiam. Inquietamente seus sonhos foram invadidos por figuras sombrias fora de suas almas. A cada dia, pessoas acordariam e subiriam a montanha. Por que isso estava trazendo as trevas na vida deles? E a cada vez que os estranhos garimpavam mais e mais fundo na Montanha, buracos começaram a aparecer, trazendo com eles um frio e amargo vento que congelou as suas almas. Pela primeira vez, os felizes sentiram temor por eles saberem que mais tarde o macaco logo acordaria de seu sono fundo. E então veio um som. Distante primeiramente, isso cresceu uma catástrofe tão imensa que podia ser ouvida distante no espaço. Não haviam mais gritos. Não havia mais tempo. A montanha tinha acordado. Havia apenas fogo. E depois, nada."

Um comentário:

jefferson disse...

lindo texto, minha linda